• outubro 21, 2015

Tocadores de obras

Tocadores de obras

Nesses quase 40 anos em que moro em Mato Grosso, prestei serviços a alguns governos, mas de algum modo, na qualidade de jornalista, acompanhei os demais entre 1976 e 2015.

 

No Brasil, se consagrou nesse período o gestor tocador de obras como um exemplo a ser seguido. Mato Grosso teve uma série deles. Vou recordar aqueles considerados tocadores de obras: Garcia Neto, Júlio Campos, Dante de Oliveira, Blairo Maggi e Silval Barbosa.

           

Porém, tocar obras era mais fácil no passado, quando não existiam as pressões por licenciamentos ambientais, pressões dos tribunais de contas e do Ministério Público, ou da opinião pública através de uma imprensa mais crítica.

 

Tocar obras implica num tipo de urgência que hoje não é mais possível por um conjunto de fatores comandado pela infernal burocracia brasileira, pelos licenciamentos ambientais e pela fiscalização por muitos órgãos especializados, fora a mídia e a opinião pública.

 

Contra os gestores pesa ainda o tal de “custo político” que hoje a opinião pública rotulou de corrupção.

           

Trago o assunto por causa de uma conversa ampla da qual participei ontem pela manhã. Empresários, profissionais liberais e alguns sindicalistas patronais discutiam o governo Pedro Taques.

 

Uns o criticavam pela ausência de obras que indiquem-no como um tocador de obras. Outros defendendo que tocar obras não caracteriza mais um gestor público.

 

E outros que com o travamento da burocracia, nem Jesus Cristo conseguiria ser um tocador de obras no Brasil.

 

Provoquei a conversa perguntando se o governador Pedro Taques sobreviveria politicamente como gestor mantendo-se apenas na atual linha do discurso das auditorias, da defesa da ética e não interferindo nas prisões que estão acontecendo no estado.

           

A resposta foi unânime de que a ética tornou-se um marca imprescindível em qualquer governança. E mais, disse a maioria dos presentes, ele seria aprovado pela população só com esse discurso.

 

Contudo, todos foram unânimes na convicção de que se a ética é o trunfo do governador, ela será também o seu algoz, caso ele transija na conduta.

 

O resto da conversa girou em torno da reprovação das condutas éticas regionais e duríssimas críticas à gestão governamental do país e do Congresso Nacional.

           

Está bem claro que algumas coisas novas estão sobrevoando as cabeças dos gestores públicos. Entre elas e, principalmente, a ética!

 

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.

onofreribeiro@terra.com.br

 

Fonte: Onofre Ribeiro
Edição: Siagespoc – MT
Crédito Imagens: Google

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