• março 19, 2018

Sindicato: quanto vale ou é a toa?

Sindicato: quanto vale ou é a toa?

Uma das instituições geradoras de opiniões das mais controvertidas do mundo contemporâneo é o sindicato, seja ele da categoria ou classe que for. Muitos acreditam que os colegas que se dispõem a representá-los através da diretoria –ou coordenação – do sindicato são preguiçosos que querem fugir do trabalho stricto sensu para o qual foram contratados, ou aprovados em concurso; muitos do povo sustentam a imagem estereotipada – que lhe fora vendida – de que os sindicalistas são um bando de criminosos que colocam fogo em propriedade privada e que só servem para atrapalhar o trânsito. Seja no sentido conceitual mais abrangente, ou de militantes engajados numa batalha específica, sempre quem luta pelos trabalhadores serão mal vistos. Isso se dá pela ação estratégica de quem está na ponta de cima do status quo e não quer perder sua posição. Apoiando-se nas ferramentas disponíveis como a mídia e outros meios da superestrutura, somados à ignorância da média dos trabalhadores, os patrões tentam se manter e resistem as demandas dos sindicatos. Entretanto, quero propor que, por um instante, deixemos de lado o lado pesado e falemos de algo bom: as várias dimensões do humano e o papel do sindicato na manutenção de algumas delas.

É preciso atentar para o equilíbrio entre o ser espiritual, psicológico, social e físico. E não por uma questão moral, ou estética de estilo de vida A ou B simplesmente, mas pela sobrevivência do ser humano mesmo, que só existe como tal na perfeita conjugação integrada dessas quatro dimensões. Nesse sentido há uma instituição que cumpre bem essa função: os sindicatos. A ideia inicial era apenas lutar pela conquista de direitos trabalhistas elementares à uma vida digna: redução da carga horária diária de trabalho absurda, que chegava a 17 horas; melhora do ambiente de produção nas fábricas e algumas outras demandas no mesmo sentido. Os prime iros grupamentos organizados de trabalhadores começaram na Inglaterra (1833), seguids pela França (1864) e daí em diante difundiram-se mundo afora. A infindável luta dos sindicalistas pela conquista de direitos trabalhistas que proporcionem uma relação mais justa entre empregador e empregado, patrão e funcionário, ou governo e servidores continua, mas os sindicatos avançaram para muito além desses embates político-jurídicos. Eles se atentaram para o dia a dia dos sindicalizados, ou filiados, ou associados.

Para demonstrar a importância do sindicato na manutenção da qualidade de vida dos trabalhadores, sem correr o risco de ser leviano, vou limitar-me a exemplificar apenas com atividades desenvolvidas pelo Siagespoc, o meu sindicato, mas em nada ele é mais importante que todos os outros, a não ser pelo fato de ser o meu rs. No passado teve outro significado, mas hoje é o sindicato dos investigadores da polícia civil do Estado de MT. Temos uma sede administrativa e várias sub sedes espalhadas pelo Estado, através das quais são desempenhadas diversas atividades. A sede de Cuiabá é uma das mais belas estruturas sindicais de Mato Grosso. Ali o sindicalizado tem um belo salão de festas – climatizado, quadra, campo de futebol , piscina e quiosque muito bem cuidados, academia e hotel de trânsito. Defesa pessoal, aula de natação e de dança são algumas opções de atividades semanais. Das datas comemorativas mais importantes – no Siagespoc – nenhuma passa sem programação que prestigie os membros, a exemplo do último dia 8 de março, no qual fora comemorado o dia internacional das mulheres, e várias policiais foram homenageadas. Além de tudo isso, temos uma diretoria que – em dois meses de mandato – encampou a bandeira pela correição de uma injustiça antiga da categoria: o auxílio alimentação para os policiais plantonistas do interior do Estado. A atual gestão faz todo o possível para resolver as demandas dos sindicalizados o mais rápido que pode, de modo que o(a) colega atendido(a) que queira ver, consiga enxergar e se sentir pe rtencente a uma categoria coesa, forte e unida, tendo com isso, no sindicato, uma alternativa de preenchimento dos campos (ou dimensões) que dão sentido e suavizam a tão pesada rotina diária.

Além das atividades que já acontecem no Siagespoc, em breve serão anunciadas várias outras que formarão um calendário de esporte e laser invejável. Alguém poderia levantar a voz e bradar o velho jargão do preguiçoso-muito crítico-parasitário: “não faz mais que a obrigação”, ou “todo sindicato faz essas coisas aí”. Ainda que seja verdade tanto uma quanto outra dessas frases, é igualmente verdade também que a dimensão psicológica é a mais complexa daquelas quatro que formam o ser humano. Talvez por isso muitos indivíduos não usufruam o que possuem, não reconhecem o trabalho alheio e ainda crucifiquem quem lutou e luta por el es. É sempre estranho dizer o óbvio, mas algumas coisas nem sempre são tão obvias quanto desejamos que fossem para todos, portanto, mesmo não sabendo mensurar o quanto vale, posso afirmar com a experiência de quem já precisou dele em todos aqueles sentidos falados acima: não é e não está à toa, o sindicato vale muito.

Messias Rocha é Investigador da Polícia Civil de Mato Grosso

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