- junho 7, 2018
Por nós, nos crivos da história, Michel Temer não passará!
Messias Rocha
Contrariando a expectativa generalizada de que teríamos algo de bom como resultante
da sacrificante greve dos caminhoneiros, que resultou até em morte de trabalhador. Ainda que
sem uma bandeira específica, com ocorrência de fatos lamentáveis, e tendo interesses escusos
permeando as manifestações, o povo se uniu em torno do movimento dos guerreiros das
estradas, aceitou correr o risco de faltar alimento na mesa e remédios nas farmácias; tudo em
nome de mudanças que beneficiassem todo o conjunto da sociedade brasileira. Mas, mais uma
vez, com discurso de quem resolve um problema, nosso ilustríssimo “presidente” apenas
decidira alocar recursos de outros setores igualmente importantes ao de transportes para cobrir
a despesa gerada pelo decréscimo no preço do diesel. Entretanto, o desfecho não precisaria
ser necessariamente este se os nossos políticos honrassem sua condição de lideres do povo
brasileiro como um todo, ao invés de se portarem como meros mantenedores de privilégios de
algumas classes em detrimento de outras.
No curto prazo a redução do custo do diesel no bolso dos caminhoneiros poderia ser
compensada, por exemplo, pela receita gerada da iniciativa de regulamentar o imposto sobre
grandes fortunas, que, aliás, já está previsto no inciso VII, do artigo 153, da Constituição
Federal desde 1988. E embora haja muita disposição em contrário no seio até daqueles que
nem fortuna possuem para ser tributada, o referido imposto não possui o condão de punir
ninguém, uma vez que a sua finalidade ultima é estimular o afortunado à tirar seu tesouro do
universo especulativo, que é o sistema financeiro, e que em nada acrescenta ao país, e aplicá-lo
em empreendimentos empresariais e industriais, gerando dessa forma mais empregos, mais
dinheiro circulando e, consequentemente, maior arrecadação para o tesouro público. Mas ato
corajoso como esse dificilmente seria empreendido por um sujeito que chegou da forma mais
covarde possível ao posto que, por hora, ocupa: um golpe de Estado.
Já para o médio prazo poderia dar-se inicio, como sugeriu a jornalista Raquel
Sherazade, a uma séria discussão a respeito da necessidade e viabilidade da expansão dos
meios de transportes alternativos ao das estradas de rodagem: fluvial, ferroviário e aéreo. Mas
aqui novamente caímos na sinuca de bico envolvendo o mau-caráter Michel Temer: como
promover tal debate e ousar tanto em uma medida que mexeria com as estruturas
estabelecidas que mantêm os privilégios de parte daqueles que o colocaram na presidência pra
fazer justamente o contrário?! Manter o status quo de um país aonde apenas seis pessoas
possuem renda correspondente à de 100 milhões de brasileiros!
Se nem Fernando Henrique Cardoso, o príncipe da sociologia, mesmo sendo ele
pertencente a uma classe social – os intelectuais – que têm por objetivo de vida fazer a
diferença no mundo, fazer uma passagem por este mundo digna de ser lembrada por toda a
posteridade, ele quando teve em suas mãos a oportunidade de mudar os rumos da tragédia
brasileira – que sãos as desigualdades materiais, cultural e educacional abissais –, se
apequenou e escolheu ficar do lado mais forte, o que esperar de um infame que se aposentou
aos 50 anos e agora quer fazer um trabalhador de carvoaria trabalhar até aos 65 pra se
aposentar! Usando esperançamos gestos nobres da parte de um fascista cínico, inescrupuloso
e que não tem caprichos nem mesmo com a sua própria biografia.
Mas se a força do povo unido não der conta desse sujeito em vida, fiquemos
tranquilos, ainda restarão os crivos da história para nos vingar. Ali sim ninguém passa impune.
Cada um vai parar exatamente no seu merecido lugar. Nos anais da história, covarde por
honrado nunca passará.
Messias Rocha é Investigador da Polícia Civil do Estado de Mato Grosso.