• junho 1, 2017

OSVALDÃO: UMA VIDA INTEIRA DEDICADA À POLÍCIA CIVIL E AO BOXE

OSVALDÃO: UMA VIDA INTEIRA DEDICADA À POLÍCIA CIVIL E AO BOXE
Quem vê pela primeira vez o Osvaldão pilotando um triciclo na rodovia Cuiabá/Chapada dos Guimarães pode ser tentado a catalogá-lo apenas como membro de uma tribo de motoqueiros que circula por lá nos fins de semana. Mas a história de vida dele é mais ampla: além de amante de veículos de duas e de três rodas, e instrutor de boxe, com academia montada na av. Ipiranga, Osvaldo Pereira (62) também é policial civil aposentado, com uma larga folha de serviços prestados à Polícia Civil e à comunidade mato grossense.
 
Ele é mineiro de Varginha, município situado no sul de Minas Gerais, onde viveu até o ano de 1983. Lá, ele conta que fez de tudo para sobreviver em tempos difíceis, como, por exemplo, trabalhar na roça, vender esterco na cidade e fazer outros bicos que lhe rendiam algum dinheiro para o sustento da família.
 
Foi lá que ele fez amizade com o cuiabano Rômulo Vandoni Filho, que estudava engenharia mecânica e começou a treinar em sua academia de boxe – um projeto piloto precário que funcionava só nos fins de semana. “Ele e outros estudantes de Mato Grosso participavam da minha academia, que funcionava em minha residência; aos sábados e domingos nós espalhávamos os aparelhos em frente de casa e todo mundo vinha treinar na rua mesmo”, relembra Osvaldão.
 
Mudar-se de Varginha para Cuiabá foi a síntese do aceno que lhe fez o amigo Rominho, convite que ele aceitou de pronto, já que sempre amou projetos aventureiros, principalmente naquela época, quando vivia a fase dos 30 anos de idade. Foi assim que Osvaldão se transformou em mais um migrante, engrossando uma corrente migratória de milhares de outros brasileiros que vieram ganhar a vida em Cuiabá, de forma mais acentuada a partir dos anos 70 e 80.
Logo que chegou, Osvaldo Pereira passou a morar com a família do amigo Rominho. Trabalhou primeiro em um lavajato, mas em 1985 foi nomeado policial civil pelo desembargador Oscar Travassos. O projeto da academia de boxe veio em seguida, já em 1986, com a ajuda de vários amigos assim como ele também entusiastas desse esporte, que providenciaram os detalhes essenciais para o funcionamento de uma academia.
 
Segundo ele recorda, não demorou muito para que o empreendimento começasse a ficar conhecido, “de modo que já em 89 ou 90 nós já estávamos rodando o Brasil inteiro acompanhando atletas de Cuiabá para participar de campeonatos de boxe”. Na primeira viagem ele levou cinco atletas para Osasco-SP, onde o grupo permaneceu 15 dias, “ocasião em que sua equipe começou a se destacar”.
 
No segundo ano a equipe voltou a participar da Ford Campeões e obteve o título de vice-campeã. “Já no terceiro ano, quando levamos o Edson Ferreira da Silva, nos sagramos campeões da Ford, e nesse mesmo ano nós fomos para o campeonato brasileiro”. Para esse torneio ele levou “o Edson Ferreira e o Marco Aurélio Pinto, da região do Porto, desta vez para Contagem, Minas Gerais, e entre nove estados nós trouxemos o campeonato e o vice-campeonato brasileiro”, revela com orgulho.
 
O surgimento do UFC, na visão do professor Osvaldo, concorreu para renovar o boxe, que era tido com um esporte muito violento, causador de danos à saúde dos boxeadores. “Na verdade, no meio de milhares de lutadores só um ou dois acabam com sequelas por causa da prática desse esporte, como foi o caso de Muhammad Ali”, como menciona. A redução da idade mínima para começar a treinar foi outra novidade que favoreceu o aparecimento de virtuoses do boxe, primeiro em países como EUA, Cuba, Alemanha, China e Japão, e depois no Brasil.
 
A maior conquista relatada por Osvaldão foi poder praticar boxe e se aperfeiçoar cada vez mais nesse esporte. “Eu fui campeão em São Paulo em 1980; depois de vir para Mato Grosso, eu também participei de uma luta estadual e uma internacional; uma eu ganhei, a outra eu empatei”. E segue: “mas a minha missão por toda vida foi poder passar o conhecimento que eu adquiri para os menores, para as crianças de baixo poder aquisitivo”, conclui.
 

“Como policial civil eu digo que não há uma experiência maior do que essa; se eu pudesse voltar no tempo eu repetiria a mesma coisa, ia querer ser investigador de novo, porque não tem uma experiência melhor no mundo”, declara. “Uma das minhas grandes satisfações como policial foi poder intervir e impedir que um filho continuasse a bater na mãe; eu consegui por fim a um episódio que comoveu uma cidade inteira”, conta com orgulho.  

PAIXÃO DUPLA O policial aposentado e instrutor de boxe diz que uma de suas grandes satisfações é ensinar boxe para jovens de baixa renda da periferia Fonte: Luiz Cesar de Moraes
Edição: 01.06.2017
Crédito Imagens: Luiz Cesar de Moraes

Notícias Relacionados

Sindicatos discutem com vice-governador “atribuições” e nova Lei Orgânica

Sindicatos discutem com vice-governador “atribuições” e nova Lei Orgânica

  Em reunião nesta terça-feira (15) com o vice-governador, Otaviano Pivetta, e o delegado-geral adjunto da…
Sindicatos de investigadores e de escrivães lançam campanha de valorização em MT; nova lei orgânica moderniza ações

Sindicatos de investigadores e de escrivães lançam campanha de valorização em MT; nova lei orgânica moderniza…

  Os sindicatos que representam investigadores e escrivães da Polícia Civil de Mato Grosso lançam essa…
Delegada geral destaca ações de entidades em avanços na Polícia Civil

Delegada geral destaca ações de entidades em avanços na Polícia Civil

  A delegada-geral da Polícia Civil de Mato Grosso, Daniela Maidel, reconheceu o trabalho realizado pelas…