• agosto 8, 2020

Por falta de recursos próprios, policiais civis fazem cota para manter delegacias em MT

Por falta de recursos próprios, policiais civis fazem cota para manter delegacias em MT

Para garantir o mínimo possível de condições de trabalho nas delegacias, Policiais Civis de Mato Grosso estão retirando recursos do próprio bolso para compras de itens básicos de materiais de expediente e até para consertos básicos de veículos.

De acordo com o Sindicato dos Investigadores de Polícia (Sinpol), a situação é comum em diversas cidades do estado. Em Cuiabá, na Central de Flagrantes, os policiais se uniram, através de um grupo para arrecadar fundos para aquisição de itens e melhorias necessários nas delegacias, tais como: a troca de lâmpadas, pois à noite o ambiente fica muito escuro e dificulta os plantões; a troca por uma internet mais rápida e sem falhas de sinal; melhorias nos banheiros que estão sem chuveiros.

Muitos policiais concordaram com a iniciativa e decidiram ajudar, alegando que o governo não fornece meios adequados e suficientes para que eles possam desenvolver suas atividades.

Se não fosse pouco, alguns computadores não funcionam. Esses equipamentos poderiam ser utilizados pelos policiais, mas estão guardados por falta de manutenção. Eles mesmos estão tentando arrumar os computadores e substituir.

Já em Campo Novo do Parecis, a situação é semelhante. Os servidores precisam juntar dinheiro para para comprar água, café, açúcar, material de limpeza, gás e até para o conserto de ar condicionado.

“Houve época que compramos toner para imprensa. E no mês passado, por exemplo, eu doei para nossa viatura, uma bateria de 70 amperes, jogo dos freios dianteiro com faixas e pinos. Tudo isso para fazer a viatura rodar. Foram mais de setecentos reais. Tenho as notas fiscais aqui na minha sala na delegacia, como prova se alguém duvidar do feito”, dispara um policial, que prefere deixar o nome em anonimato.

Outra situação que o Sindicato dos Investigadores de Polícia (Sinpol) tenta resolver há anos é a alimentação dos policiais. “Temos que ficar pedindo para prefeitura e empresários na cidade apoio para manter a delegacia e ainda dar jeito para arrumar alimentação de preso”, diz outro servidor, de Guarantã do Norte.

O presidente do Sindicato, Gláucio Castañon, conta que muitas vezes quando os policias conseguem se alimentar, a comida já está estraga pelo horário que é entregue. Ele conta que a alimentação além da péssima qualidade é entregue por volta de 10h, no almoço, e 17h na janta. A refeição fornecida acaba sendo descartada no lixo, ou servindo de alimento para animais das redondezas das delegacias. Há muitos relatos no grupo sobre os policiais terem que pedir comida a parte, além de não ser fornecido alimentação para os plantonistas do interior.

“O Sindicato dos Investigadores já vem há anos cobrando da Secretaria de Segurança Pública (SSP-MT) e da Polícia Civil, que reverta esse dinheiro que eles pagam na marmita em um cartão alimentação, onde o policial com aquele mesmo valor, sem aumentar, poderia usar o cartão e adquirir a alimentação no momento em que ele fosse se comer. Até mesmo, as restrições alimentares que alguns possam ter, o policial escolheria a comida que melhor se adequasse dentro daquele valor. No entanto, até hoje não tivemos nenhuma resposta nesse sentido”, afirma. Ele ainda ressalta que ano após ano a polícia civil informa que não tem dotação orçamentária, mas que, se não tem é culpa do próprio Estado pois são eles que por lei tem a obrigação de fazer previsão orçamentária.

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