- junho 30, 2017
CADÊ O DINHEIRO QUE O GOVERNO DOOU?
• Cledison Gonçalves da Silva
A se acreditar na opinião do governador Pedro Taques, Mato Grosso vive atualmente a maior crise financeira de todos os tempos. Particularmente, eu não duvido, pois nunca se roubou tanto neste Estado, como aconteceu recentemente na época em que o país foi sede da Copa do Mundo de Futebol e Mato Grosso sub sede. Até porque, nunca se viu ou se ouviu falar de tanto dinheiro circulando por aqui: coisa de R$7 bilhões de reais a R$8 bilhões de reais.
Voltando aos nossos dias, já no Governo Pedro Taques, as coisas não têm sido nada fáceis, principalmente para os servidores públicos. Na briga que nós realizamos pelo pagamento da RGA, que é a reposição inflacionária, foi muito difícil sermos atendidos. E foi só isso, pois aumento mesmo, nem pensar. Nós temos buscado assegurar os direitos da classe junto ao Governo, mas essa tem sido uma luta inglória, pois o discurso do Governo é que o Estado está quebrado.
Há alguns dias eu estive em uma delegacia de Polícia e, diante do que vi, senti-me obrigado a concordar com o Governo. Não há copo descartável sequer para água; para café, então, nem pensar. Ou seja, as repartições públicas não apresentam as mínimas condições de funcionamento. É uma coisa triste, realmente muito triste, ver o nosso Estado em condição de penúria, tanto na Capital como no interior.
Dias depois, navegando pelos sites da Capital, deparei-me com um fato que seria cômico se não fosse muito trágico. Esse mesmo Governo que diz que o Estado está quebrado e não compra sequer copos descartáveis para água e café para as delegacias, doou à uma Federação, que funciona na casa de seu presidente, algo em torno de R$2,5 milhões de reais para a realização dos Jogos Universitários Brasileiros – JUB’s.
A bem da verdade, eu não sabia que Cuiabá tinha sediado e patrocinado tal evento, sinal de que, ou foi pouco divulgado ou eu é que sou muito desinformado. Contudo, o que mais me impressionou desta notícia foi o alto valor captado junto ao Governo, e a facilidade de obtenção dessa participação, pois para conseguir algo deste Governo todos sabem que é uma tarefa das mais difíceis.
Ao investigar melhor a situação, eu descobri que o presidente da Federação Mato Grossense de Esportes Universitários – FMEU é investigador de Polícia, e isso aumentou minhas dúvidas e causou-me maior estranheza, pois se o sindicato que eu presido, em suas reivindicações ao Governo, não consegue Etapa Alimentação para o interior, jornada voluntária, e reconhecimento da carreira como de nível superior, por que o Governo atende tal federação com recursos da ordem de R$2,5 milhões.
Isso é coisa de se admirar, já que o discurso mantido pelo Governo é incompatível com a prática. A uns, nada, a outros, as benesses do Poder.
Para minha surpresa, o caso foi muito além, pois segundo notícias divulgadas em sites da Capital, a doação do Governo permitiu ao presidente da Federação (FMEU) realizar um mega evento, com captação total de receita em torno de R$ 7 milhões. Para uma Federação que nem sede tem, é um valor que chama a atenção de qualquer um.
Mas a sequência dos acontecimentos jogou mais lenha na fogueira das dúvidas sobre a licitude do evento. O Ministério Público posicionou-se oficialmente por meio de uma ação para saber como foi aplicado esse montante de dinheiro público.
A compreensão que fica dessa história toda é a lembrança de que as Delegacias de Polícia se encontram em situação de miséria, enquanto o Governo faz doação de milhões para uma entidade que representa a elite dos estudantes, já que a maioria das faculdades locais são particulares, e os alunos, também em sua grande maioria, são filhos da burguesia que não precisam do dinheiro público.
Muito embora tenhamos em nossa classe um deputado estadual, nestes três anos de Governo as coisas não têm sido fáceis para nós, investigadores da Polícia Civil. Em nome da crise, o Governo tem dito não sistematicamente à maioria absoluta de nossos pedidos. Conforme se pode notar, para alguns a situação é diferente, principalmente quando se trata de valores.
Fica então registrado o nosso protesto contra o tratamento dispensado pelo Governo, que usa dois pesos e duas medidas no tratamento dispensado aos cidadãos. Para a classe dos investigadores, nada. Para a Federação dirigida pelo policial, R$2,5 milhões de reais.
Antes que eu me esqueça, resta perguntar: cadê o dinheiro que o Governo doou para o evento? Será que há alguém por trás do presidente dessa Federação? Se tem, quem é ele?
• Cledison Gonçalves é presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Polícia Civil de Mato Grosso – Siagespoc
Fonte: Siagespoc
Edição: 30.06.2017
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