• janeiro 11, 2017

CLEDISON PROPÕE COMBATE ÀS CAUSAS DO CRIME ORGANIZADO

CLEDISON PROPÕE COMBATE ÀS CAUSAS DO CRIME ORGANIZADO
Fechar as nossas fronteiras e investir pesado na educação e profissionalização dos jovens deste país. São estas as primeiras medidas propostas pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Polícia Civil de Mato Grosso – Siagespoc, Cledison Gonçalves da Silva, para combater a causa do grave problema representado pelas ações do crime organizado nos presídios dos estados do Amazonas e Roraima e em outras unidades da Federação.
 
Ele fez essa sugestão às autoridades da segurança pública em entrevista ao jornalista Luiz Poção, do programa Veracidade da TV Cidade, ao falar da crise que se abate sobre o sistema prisional do Brasil, principalmente com a guerra declarada entre facções criminosas na região Norte do Brasil.
 
Mas este problema não teve início nem aqui, nem agora. Na análise de Gonçalves, depois que o crime organizado surgiu no Rio de Janeiro, onde as facções criminosas passaram a disputar a hegemonia nas lideranças dos presídios e tudo o que isso representa para a obtenção do lucro fácil com a exploração do tráfico de drogas, não demorou muito para que a criminalidade se organizasse como uma empresa, e o modelo fosse exportado para outros estados e países.
 
O surgimento de rivalidades era inevitável frente ao aparecimento de novas organizações criminosas, a existência de novos mercados e ao apelo que o lucro fácil exerce no fenômeno de crescimento da delinquência, reflete o sindicalista.
 
Sua preocupação é com o crescimento do crime organizado, o aparecimento frequente de novas facções no cenário nacional e a audácia das ações sangrentas desenvolvidas, lamentando que o poder público fique inerte frente ao problema. “O que mais me estranha é a inação dos governos com o fortalecimento dessas organizações criminosas que impõem à sociedade um preço muito elevado em termos de insegurança e medo”, acrescenta. 
 
O dirigente sindical diz que não está descartado o risco de o estado ser atingido por essa crise que aterroriza presídios da região Norte. E justifica lembrando a localização geográfica de Mato Grosso, com uma fronteira de quase um mil km com a Bolívia, por onde passa grande parte da cocaína produzida no vizinho país. “A Bolívia produziu em 2015 nada menos do que 250 mil toneladas de cocaína, sendo que, desse total, a polícia mato grossense apreendeu apenas duas toneladas, ou seja, menos de um por cento”.
 
Faltam investimentos, tanto no aparelhamento do serviço de inteligência como também faltam mais profissionais na segurança, opina Cledison. “Se os governos federal e estaduais não investirem mais no combate às facções do crime organizado, a sociedade pagará um preço alto por essa omissão”. E cita estatística da revista Veja, segundo a qual o PCC tem no país a 16ª maior receita do Brasil, ficando à frente até da Volkswagen do Brasil, ou seja, o PCC hoje pode ser considerado uma empresa de grande porte.
 
Cledison lembra que só em Mato Grosso há mais de dez mil mandados de prisão em aberto, para indagar: “se já temos uma superpopulação carcerária muito acima das vagas disponíveis, onde poríamos mais 10 mil presos caso cumpríssemos todos esses mandados?”.
 
Para ele, o poder público demonstra negligência com a questão do sistema prisional. “Se as fronteiras continuarem vulneráveis, é impossível conseguir êxito em qualquer plano de combate ao crime organizado; nós continuaremos assistindo, com frequência assustadora,  mais filmes de terror semelhantes aos que acabamos de ver no Amazonas e em Roraima”, pontua.
 

Por fim, salienta que os grandes traficantes transportam drogas usando aviões mono e bimotores com capacidade de mais de uma ton por viagem. Isso deixa claro que o governo não pode se limitar a fechar a fronteira tão somente por via terrestre. “Temos que nos preocupar com o tráfico de drogas por via aérea, caso contrário estaremos enxugando gelo”, destaca.  

SEM CONTROLE “Medidas paliativas não servem mais; as autoridades tem que investir pesado contra as causas que facilitam ações criminosas” Fonte: Luiz Cesar de Moraes
Edição: 11.01.2017
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