- maio 6, 2020
Fake News – a desinformação em época de Pandemia de Covid-19
João Paulo Ferreira da Silva*
Desde os tempos mais remotos da humanidade há notícias de utilização das fake news, tendo como finalidade a propagação de notícias falsificadas ou notícias inverídicas, também conhecidas como fofocas e/ou boatos.
Traduzindo do Inglês para a língua Portuguesa fake news significa “Notícia Falsa”. Estamos vivendo diante da maior crise sanitária mundial de acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, proporcionada pelo novo Corona Vírus (SARS-CoV-2) e a desinformação, deliberada, gerada pela disseminação de fake news tem sido, cada vez, um problema contemporâneo gerando desgastes políticos, pânico social, desinformações, difamações, calúnias e injúrias. O veículo mais utilizado para propagação de notícias falsas é sem dúvidas a Internet, através de redes sociais como: Facebook, Instagram, Youtube e Whatsapp, em alguns casos pela televisão, jornais impressos e rádios.
Nas últimas décadas, a Internet, revolucionou os meios de comunicação, aproximando as pessoas de todo o mundo, o que permitiu que as notícias falsas ou verdadeiras alcance inúmeras pessoas por todo o planeta em fração de segundos. Por outro lado, as fake news, por força da capacidade de comunicação associada a velocidade proporcionada pela Internet, ganharam força e poder imensuráveis.
Comumente, nas redes sociais, testemunhamos internautas compartilharem notícias falsas, mesmo sabendo que se trata de informações com fontes duvidosas e, em muitos casos, sem ao mesmo verificar a veracidade da informação ou ler o seu conteúdo previamente, antes de disseminar conteúdos que geram desinformação nas redes sociais. Em ambos os casos a conduta é inquestionavelmente reprovável.
Durante a campanha eleitoral para governos estaduais, deputados, senadores e presidente da república no ano de 2018, as fake news bombardearam as redes sócias, em sua maioria com informações inverídicas sobre os candidatos e partidos políticos. No Brasil, em tempos de pandemia de covid-19, a prática é indecorosa, uma vez que os debates tratam de saúde pública, envolvendo risco a milhares de vidas, ou seja, com consequências trágicas para todo o país.
Em meio a pandemia de Covid-19, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco, chamou a atenção para o surgimento de uma segunda enfermidade: a desinfodemia. O termo foi evidenciado pela Unesco, e foi definido como “desinformação básica sobre a doença de Covid-19”.
Diante à grave crise de saúde pública, A Organização das Nações Unidas – ONU considerou as fake news sobre o novo Corona Vírus mais mortal que qualquer outra desinformação. O que sem dúvidas, diante do cenário atual, o acesso a informação confiável pode significar a vida ou a morte em tempos de Covid-19.
A ONU, em parceria com o International Center for Journalists – ICFJ, divulgou uma pesquisa cujo o principal tema foi a desinfodemia relacionada à origem e à disseminação do novo Corona Vírus. Enquanto cientistas identificaram o primeiro caso da Covid-19 ligado a um mercado de animais na cidade chinesa de Wuhan, fake news inundaram as redes sociais com teorias conspiratórias acusando as redes de telefonia celular 5G e até responsabilizando os fabricantes de armas químicas.
Ainda de acordo com a pesquisa divulgada pela ONU, as fake news são recorrentes e estão relacionadas ao tratamento do vírus, sintomas, diagnóstico, os impactos na sociedade e no meio ambiente, e sobre a repercussão econômica causada pela pandemia. A Unesco, através dessa publicação, procura lançar luz sobre os desafios e oportunidades associadas à necessidade urgente de achatar a curva da desinfodemia e oferecer possíveis opções de ação”, pois, a carga viral das fake news só aumentará se as notícias não forem devidamente checadas antes de serem compartilhadas.O Instituto Reuters e a Universidade de Oxford realizaram um mapeamento que detalhou alguns dos principais tipos, fontes e reivindicações de desinformação sobre a pandemia. Identificou-se que 70% das informações publicadas sobre a Covid-19 tinham como fonte principal influenciadores digitais, incluindo políticos, celebridades e figuras públicas, sendo que 20% das informações eram fake news.
Obviamente, as orientações dos órgãos públicos é buscar as informações nos canais oficiais de comunicação da sua região. O Ministério da Saúde criou uma página especial para combater fake news sobre a Covid-19, as informações também podem ser verificadas através do número de WhatsApp 61-99289-4640, disponibilizado para que a população envie fatos duvidosos veiculados nas mídias sociais e aplicativos de mensagens, para serem checados por uma equipe técnica do ministério.
Por fim, não compartilhe informações antes de pesquisar e ter certeza da veracidade da notícia. Desconfie, muitas vezes não é possível identificar facilmente uma notícia falsa, mas alguns pontos que elas têm em comum são o apelo e o exagero, ao apresentar dados e números, a pessoalidade dos áudios que citam nomes de outras pessoas e o pedido de compartilhamento que no final da suposta notícia que é solicitado para que a pessoa repasse aquele áudio, texto ou vídeo para os amigos e familiares.
João Paulo Ferreira da Silva, é Investigador de Polícia na Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Pós-Graduando em Computação Forense e Perícia Digital