- abril 15, 2020
Um convite ao empoderamento político
Gláucio de Abreu Castañon*
O pleito eleitoral do ano de 2018 trouxe uma valiosa lição às categorias ou grupos sociais, principalmente aos servidores públicos. Tal lição se refere à máxima de que, quem não consegue se representar politicamente tem que se contentar com o que os representantes dos outros segmentos decidem.
A quantidade de reformas já implantadas ou ainda em tramitação, que impactam negativamente os servidores públicos civis, é, um reflexo da atual composição do Congresso Nacional.
Levantamentos do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) indicam que dois terços da Câmara dos Deputados é composta por empresários ou profissionais liberais, enquanto, segundo a Folha de São Paulo, a atual representação política do agronegócio no Congresso Nacional chega a 210 deputados federais e 26 senadores.
De acordo com O Globo, mais de setenta militares foram eleitos para o legislativo em dois mil e dezoito (senadores, deputados federais e deputados estaduais ou distrital).
A falta de representatividade das polícias civis (polícia federal, civil e penal) no Congresso Nacional se materializou na forma com que tais categorias foram tratadas na reforma da previdência em comparação a coirmã polícia militar. Tivemos perdas imensuráveis. Não é momento de chorar e procurar culpados, mas sim, momento de analisar onde falhamos e procurar soluções, e estas, passam necessariamente pelo empoderamento político.
Em 2018 Mato Grosso elegeu três representantes da segurança pública para o legislativo estadual, Eliseu Nascimento (sargento policial militar), Claudinei Lopes (delegado de polícia), João Batista (policia penal), e dois outros foram diplomados como suplentes, Juarez Pereira Vidal (sargento policial militar) e Sérgio Ribeiro (delegado de polícia).
Embora os investigadores de polícia representem o terceiro maior contingente dentre os cargos que compõem a segurança pública do estado (mais de três mil policiais entre ativos e aposentados), nenhum investigador foi eleito a deputado estadual, fato este, que despertou a atenção da categoria, para a necessidade do empoderamento político da classe.
2020 é ano de eleições municipais e os menos atentos podem até pensar que os cargos de vereadores e prefeitos não nos interessam, pois, em tese, não interferem em nossas vidas, já que somos servidores estaduais. Triste engano. O processo de empoderamento político passa por todas as esferas e, é através da eleição do maior número possível de investigadores ao cargo de vereador e prefeito que conseguiremos formar base para que tenhamos representatividade no legislativo estadual e federal no ano de 2022.
Sim, queremos, podemos e devemos ter representantes da nossa categoria (INVESTIGADOR DE POLÍCIA), nas três esferas (legislativo municipal, estadual e federal), mas para isso é necessário que tenhamos uma categoria unida e coesa na busca de um objetivo maior e comum. Não precisamos que falem por nós, temos voz e sabemos o que queremos.
Felizmente os investigadores estão se despertando para essa necessidade de se fazer representar politicamente, tanto é, que, para as próximas eleições municipais temos pré-candidatos em mais de trinta municípios e podemos aumentar esse número.
Os tempos mudaram e a frente de combate sindical das carreiras policiais agora é outra. Em dois mil e dezessete o Supremo Tribunal Federal decidiu que policiais civis não podem fazer greve ou qualquer outro tipo de paralisação. Sabemos que aquele que participar de tais movimentos pode responder a processo administrativo e até mesmo, ser exonerado do serviço público.
Manifestar a insatisfação da categoria junto ao governo através de paralizações e manifestações é justo e necessário, porém, temos percebido que atualmente, é no campo político que se consegue avanços e melhorias.
Enaltecemos e parabenizamos aos colegas que estão se predispondo a nos representar no campo político e convidamos àqueles que tem viabilidade política e compromisso com a categoria para ombrear aos demais nessa empreitada, pois juntos somos mais fortes.
E, quanto a nós, que não temos predisposição político partidária, cabe-nos apoiar e trabalhar para que nossos representantes possam ser eleitos, e assim, darmos início a essa base, que dará sustentação ao lançamento de candidatos investigadores a deputado estadual e federal em 2022.
Somos do tamanho que desejamos ser e conquistamos aquilo que lutamos para conseguir.
Gláucio de Abreu Castañon* é vice presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil de Mato Grosso (Sinpol)